Foto: Claudionor Jr./ Ascom/ Educação
O Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) divulgado nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que é alarmante a situação da educação no Brasil. Português e matemática são disciplinas básicas para qualquer estudante e o desempenho pífio mostra que os candidatos nas eleições de 2018 precisam priorizar o debate sobre o tema. Estariam eles dispostos a falar sobre o assunto?
A discussão sobre educação, inclusive, não deveria ser meramente partidarizada. Os dados da Bahia, por exemplo, mostram que a má qualidade do ensino é fruto da gestão das mais diversas cores do arco-íris de partidos brasileiros. Do total de municípios baianos, pelo menos 381 apresentam índices abaixo da média nacional para matemática para alunos do 9º ano. Ou seja, não há distinção de legenda quando o tema é falta de atenção com o ensino básico. Todos pecam.
Logicamente os adversários do governador Rui Costa (PT) vão usar os desempenhos ruins da Bahia no comparativo dos últimos dois anos. Porém é injusto jogar a conta apenas no colo daquele que está atualmente no poder. O sucateamento das escolas da rede pública no Brasil e na Bahia remete à década de 1980, quando as classes mais abastadas passaram a frequentar apenas o ensino privado. É uma herança que se perpetua há duas ou três décadas. Ou mais.
Quantos profissionais da rede pública de ensino você conhece que estejam plenamente satisfeitos com a infraestrutura e a valorização recebida? Isso vale para as escolas federais, estaduais e municipais. Educação pública não é prioridade no Brasil desde a geração dos meus pais, por exemplo. Essa geração é última em que ainda é possível reconhecer que o ensino rendeu dividendos a longo prazo.
E não adianta colocar a culpa naqueles que se dedicam no dia-a-dia a ensinar. Faltam políticas públicas que permitam que a educação funcione da maneira que o brasileiro precisa. Grande parte dessa responsabilidade vem dos políticos, que optam por manter a precarização das escolas para manter o status quo de um país de pessoas que sabem ler e escrever, mas não sabem interpretar um texto de maneira coerente.
As eleições a cada dois anos apenas comprovam que vivemos à beira de um abismo. Cada vez mais perto de cair, inclusive. As razões para que estudantes não sejam bons em português ou matemática passam, principalmente, pelo voto. Em 2018, com os indicativos de altos índices de abstenção ou não voto, a ida as urnas será um grande diferencial para saber o que queremos para o futuro.
Tal discussão vale para o Executivo, mas principalmente para o Legislativo. Se você acha uma aberração ver alguns candidatos ao Palácio do Planalto em outubro, lembre que eles nasceram e se criaram como parlamentares. Convenhamos: somos todos responsáveis pelo buraco que se cava no cenário político. Não podemos continuar seguindo a lógica do nosso sistema de gestão pública se quisermos uma mudança profunda na educação de crianças e adolescentes – o que também é fundamental para melhorar índices de saúde e segurança.
A outra opção é mantermos no poder as mesmas pessoas, tomando as mesmas decisões e aceitarmos o papel que os políticos nos colocam, que é muito próximo ao que o índice do Inep mostra: de pessoas praticamente inertes e inaptas.
Este texto integra o comentário desta sexta-feira (31) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM, Clube FM e RB FM.
Fonte: Bahia Notícias