O vexame no Japão não foi suficiente e o vôlei feminino do BRASIL continua andando para trás.
Enquanto o mundial consagrou a sérvia Boscovic, 21 anos, e viu a afirmação da italiana Egonu, 19, o BRASIL, sétimo colocado parou no tempo.
Pior que isso. Começa a perder seus raros talentos.
Uma das estrelas da seleção juvenil que acaba de conquistar o sul-americano da categoria em Lima no Peru, vitória por 3 a 2 contra a Argentina, está de malas prontas para os Estados Unidos.
Sem oportunidades no BRASIL, Julia Bergmann, 17 anos, ponteira passadora de 1,91m, vai ingressar na Universidade Georgia Tech, Atlanta.
A maturidade dela impressiona.
Alemã de nascimento, ela vai estudar e tentar conciliar os estudos com o vôlei. Julia, raro talento, teve poucas oportunidades por aqui e só atuou em Toledo e Brusque.
Você é considerada por todos os treinadores da base do Brasil um dos maiores talentos. Por que a opção de sair do país?
Acho importante estudar, ter a experiência de jogar em outro país e aprender outro idioma.
Você vai estudar e conciliar com o vôlei ou vai abandonar o esporte?
Quero continuar jogando com certeza e acho que não vai atrapalhar minha carreira. Pode até abrir novas portas.
O Sul-Americano do Peru foi sua despedida da seleção?
Espero que não. Quero muito que chegar na seleção adulta e disputar uma olimpíada e campeonatos mundiais.
Por que o vôlei do Brasil tem encontrado tantas dificuldades nas categorias de base? Por que não somos mais referência como no passado?
Acho que o vôlei de base nos últimos anos não foi valorizado como deveria principalmente nos estados de menos visibilidade no esporte. Sem alguém que incentive as crianças a praticar o vôlei não vai para frente. O incentivo de pais e professores e indispensável nesse quesito.
Você acha que poderia ter sido mais aproveitada por aqui?
Acho que minha hora vai chegar e tenho muito o que evoluir ainda.
Por que os demais países arriscam e colocam jovens em quadra como você para jogar na respectivas seleções adultas? Vimos esse exemplo agora no mundial?
Acho importante sim que jogadoras novas comecem a fazer parte das seleções adultas. A mistura de experiência e juventude já deu certo em vários momentos.
Qual a idade certa para se cobrar de fato resultado das jogadoras que saem da base?
Acho que depende muito do desempenho da jogadora, mas a maioria das atletas começa a ganhar visibilidade nas categorias infanto e juvenil onde ingressam também nos times adultos da superliga.
Estadão Conteúdo